Água Esverdeada
Um dos problemas mais freqüentes que ocorrem em lagos ornamentais é a água esverdeada, muito conhecida como “sopa-de-ervilha”.
Trata-se de um inconveniente que ocorre devido à presença de algas em suspensão na água. Estas se proliferam por encontrar, nessa água, um ambiente propício, devido à presença de nutrientes e luminosidade. As possíveis causas para sua ocorrência podem se resumir em:
- Excesso de exposição ao sol;
- Sub-dimensionamento do filtro e conseqüente depósito de detritos;
- Superpopulação;
- Excesso de alimentação;
- Ração de má qualidade;
- Má qualidade da água;
- Explosão de algas em lagos novos ainda não estabilizados ou ‘ciclados’;
- Carregamento de detritos por águas pluviais, inclusive na lixiviação de solo desprotegido;
- Queda constante de folhas de árvores;
- Fluxo muito alto no filtro UV, quando este já estiver presente ou tempo insuficiente em que fica ligado.
- Aumentar o número de plantas que absorvem os nutrientes que alimentariam as algas em suspensão e ainda proporcionam sombra ao ambiente;
- Construir pergolados com ou sem plantas, plantar palmeiras ao redor do lago, usar plantas flutuantes, ou cobrir com ‘sombrite’ para equilibrar a luminosidade;
- Redimensionar o filtro mecânico;
- Adequar a quantidade de peixes ao tamanho do lago;
- Alimentar de maneira controlada e com ração de qualidade. Considerando o sistema digestivo das carpas e kinguios, alimentar três vezes ao dia em quantidades que possam ser consumidas rapidamente, (cerca de 5 minutos), sem sobras;
- Aumentar as trocas parciais da água para eliminar altos índices de amônia, nitritos, nitratos, etc.;
- Aguardar de vinte a trinta dias até a introdução dos primeiros peixes que deve ser gradual;
- Manter as bordas do lago levemente mais altas que o seu entorno para evitar entrada de detritos juntamente com águas pluviais e com o vento;
- Proteger o lago ornamental da queda de folhas;
- Instalar um filtro UV, verificar se sua potência e se o tempo em que fica ligado é suficiente, inclusive manter uma vazão coerente com o filtro (baixa vazão em torno de 1000 litros para um filtro de 15watts). É considerada uma das soluções a serem tomadas em último caso, uma vez que não detecta a razão do desequilíbrio.
Cuidados com as Crianças
A presença, mesmo que eventual, de crianças nas proximidades de um lago ornamental pode trazer dois problemas de grande importância:
Acidentes:
Para evitar acidentes com crianças, muitas vezes se faz necessário algum tipo de barreira física. Uma cerca, portão ou qualquer artifício que se mostrar necessário deverá ser construído logo na escavação do lago. Isso sem deixar de lado a explicação sobre o perigo de sua aproximação em um local com água quando estiverem sozinhas.
Objetos estranhos:
É comum as crianças jogarem em um lago ornamental comidas, pedras e muitos objetos que sequer imaginamos. Nesse caso, talvez o mais conveniente seja educá-las para evitar aborrecimentos. Explicar e mostrar as necessidades de alimentação dos peixes, inclusive incentivando-as a alimentá-los, talvez seja a melhor solução.
Doenças:
Qualquer peixe, animal ou planta que seja introduzido em um lago ornamental deverá passar por um período de quarentena. Tal medida evita que sejam introduzidos parasitas e doenças. Um período de 20 a 30 dias é essencial, considerando que muitos parasitas têm um ciclo de vida que atravessa várias fases, inclusive larvais.
Caso algum peixe adoeça, é importante separá-lo em um “ambiente-hospital” sem muita claridade, sem filtros químicos e com bastante aeração. Nesse ambiente, deverá ser administrado o medicamento específico, sendo trocada metade da água por dia e repondo-se a medicação perdida nessa troca. A alimentação deve ser de boa qualidade, incluindo alimentação viva. Quando recuperados da doença, os peixes deverão ser devolvidos ao lago de origem.
Predadores:
Os predadores mais comuns em lagos ornamentais são os animais domésticos como gatos e algumas aves.
Para dificultar a captura de peixes pelos gatos nos lagos, pode-se: manter uma borda curvada para dentro (como em uma panela-de-pressão), que impede também a fuga de tartarugas de lagos; manter uma altura de 20cm entre a borda e o nível da água; ou ainda manter locais de refúgio como tocas e plantas flutuantes, o que parece ser ainda a melhor solução.
No caso de aves, os Bem-te-vis são visitantes constantes, mas eventualmente podem aparecer o Martim-pescador e mais raramente alguma garça.
Há quem utilize algumas linhas estendidas sobre a superfície do lago para impedir essas visitas nem sempre desejadas. Essas linhas, mesmo que em número pequeno, impedem o vôo e a captura do peixe. Mas, como as linhas acabam prejudicando a estética do lago e nem sempre impedem a pesca dos Bem-te-vis, os locais de refúgio ainda são a melhor solução.
Qualidade da água:
Assim como nos aquários, um lago ornamental precisa ter monitorada a qualidade da água para eventuais correções. Os principais testes utilizados são os de pH, kH, amônia, nitritos e nitratos.
É conveniente também que, na decoração do fundo do lago, sejam evitadas pedras e pedriscos. Estes dificultam a limpeza do fundo conhecida como ‘sifonagem’ e acumulam detritos.
A ‘sifonagem’ é realizada por meio da sucção dos detritos decantados no fundo do lago. Pode ser efetuada mediante a introdução de uma das pontas de uma mangueira dentro da água, mantendo a outra ponta em algum local mais baixo, quando a água deverá sair por gravidade. Convém acoplar uma espécie de funil na ponta que fique dentro da água para uma melhor limpeza, sem capturar involuntariamente algum peixe. Caso não seja possível a ‘sifonagem’ por gravidade, esta poderá ainda ser realizada por meio de uma bomba de água que pode ser umas das utilizadas nos filtros.
As trocas parciais da água garantem a retirada das substâncias nocivas que a filtragem não consiga retirar. Devem ser realizadam com água sem cloro e com níveis de pH iguais ou próximos aos do lago. Os intervalos de tempo, assim como a quantidade a ser substituída deve ser determinada de acordo com as necessidades de cada lago que serão apontadas nos testes mencionados anteriormente (pH, kH, amônia, nitritos e nitratos).
Salto de peixes para fora do lago:
Mesmo que não muito freqüentes, os pulos de carpas para fora do lago são até certo ponto traumatizantes. É comum observarmos algumas delas dando saltos dentro do lago por motivos não específicos, mas, quando isso significa alguma baixa, todo esforço para impedir será bem-vindo.
A manutenção de uma distância de cerca de 20cm entre a borda e o nível da água não impede, de forma direta, que eles pulem para fora do lago, assim como as bordas curvadas para dentro também não. No entanto, tais medidas, juntamente com locais de refúgios, transmitem a sensação de segurança aos peixes que, nessa situação, dificilmente irão pular para fora.
Conclusão:
Esses são os aconselhamentos que, de maneira resumida, podem ser úteis aos leitores. Cada lago, no entanto, é um sistema totalmente diferente de outro lago e, por isso, cada um deles tem suas necessidades específicas. Durante os primeiros meses de implantação e manutenção de um lago ornamental é que serão determinadas as suas necessidades e freqüência da intervenção.
Dessa forma, além do controle da qualidade da água, não há uma lista completa de procedimentos-padrão a serem seguidos e tampouco intervalos de tempo pré-determinados, mas sim, noções básicas que nortearão o estabelecimento das rotinas de manutenção durante todo o processo de criação. Os procedimentos necessários poderão ser anotados para melhor avaliação e conseqüente estabelecimento da rotina ideal.
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